Uma denúncia foi revelada pelo Observatório de Monitoramento do Cumprimento das Políticas Públicas no Esporte Equatoriano (ODDE). Em carta apresentada ao presidente do Congresso do Equador, Edison Mendoza, coordenador do ODDE, expôs uma suposta rede de corrupção dentro do Comitê Paraolímpico Equatoriano e da Federação Equatoriana de Esportes para Pessoas com Deficiência Intelectual (FEDEDI). Este escândalo envolve a participação de pessoas que, aparentemente sem qualquer deficiência, competiram em provas paraolímpicas, beneficiando-se indevidamente de recursos destinados a atletas portadores de deficiência.
O ODDE, conforme indicado na carta a que teve acesso Informaçõesé uma entidade credenciada pelo Conselho de Participação Cidadã e Controle Social em 2018. O observatório menciona que há aproximadamente cinco anos recebem informações confidenciais sobre atos de corrupção que afetam diretamente os atletas com deficiência no país. A rede que expõem teria permitido o acesso de atletas saudáveis, com a cumplicidade de treinadores e dirigentes esportivos, “classificações funcionais fraudulentas”, garantindo-lhes elegibilidade para competir em eventos paralímpicos e, em alguns casos, obter reconhecimento e benefícios financeiros.
Segundo a ODDE, Santiago David Chango Pilataxi, diretor técnico metodológico do Comitê Paralímpico Equatoriano, e Walter Oswaldo Haro Ruiz, diretor técnico metodológico da FEDEDI, são apontados como os principais responsáveis por esta suposta rede de corrupção. Esses líderes teriam facilitado que atletas fisicamente aptos obtivessem de forma fraudulenta a classificação funcional necessária para competir em eventos paraolímpicos. Esta fraude teria se espalhado até internacionalmente, como no Jogos Parapan-Americanos de Toronto em 2015onde o Equador obteve sua primeira medalha de ouro no salto em distância, conquista que hoje é suspeita, segundo denúncia do observatório.
O processo de elegibilidade para atletas com deficiência intelectual é rigoroso e deve atender aos padrões internacionais estabelecidos por entidades como a VIRTUS, Federação Esportiva Internacional para Atletas com Deficiência Intelectual. Por exemplo, o atleta deve ter um QI igual ou inferior a 75, que é um indicador de deficiência intelectual segundo critérios internacionais, e deve apresentar limitações significativas no comportamento adaptativo (nas áreas conceptual, social e prática). Soma-se a isso que a deficiência intelectual deve ter sido diagnosticada antes dos 22 anos.
O ODDE chamou esta suposta rede de corrupção de “ganância” e afirma que começou em 2015 sob a direção de Bayron López Burgos, então presidente do Comité Paralímpico Equatoriano. Durante seu mandato, indica o escritório do observatório, o Equador teria realizado eventos esportivos com atletas que não atendiam aos critérios de deficiência necessários, mas que ainda assim participaram e obtiveram reconhecimentos importantes, como nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto.
A denúncia também aponta Sonia Patricia León Jara, atual presidente do Comitê Paralímpico Equatoriano e ex-presidente da FEDEDI, como uma das figuras envolvidas nesta rede de corrupção. Segundo a ODDE, León Jara teria conhecimento destes atos e teria permitido que continuassem, beneficiando-se inclusive financeiramente através de “vacinas” ou subornos exigidos a atletas e funcionários do Comité Paralímpico.
Segundo o observatório, e após obtenção de documentos oficiais, alguns dos atletas participaram anteriormente em competições desportivas convencionais e foram posteriormente inscritos nos programas de competições paraolímpicas: “Os atletas competiram no esporte convencional conforme fichas técnicas e às declarações feitas por Mgs. Diego Arteaga Rosero, metodologista da Federação Desportiva de Carchi, que, através da entrevista realizada por Javier Tamba Guzmán, jornalista da Federação Postera, deixa absolutamente claro o processo de treino e competição que tiveram os atletas descritos nas linhas anteriores e como estes atletas do “Overnight foram recrutados pelo Comitê Paralímpico Equatoriano e passaram a competir em Esportes Adaptados”, diz a denúncia perante o Congresso.
No dia 23 de agosto, um técnico de atletas paralímpicos alertou na televisão Teleamazonas que nos atuais Jogos Paralímpicos de Paris há atletas com falsas deficiências: “Os selecionados que deveriam ter alguma deficiência intelectual, para participar dos Jogos Paralímpicos Paris 2024, não a possuem“, disse o treinador que preferiu reservar a sua identidade.
Uma das evidências, disse o treinador É visto nas carteiras de motorista. No Equador, a carteira tipo B (para dirigir veículos leves) não pode ser concedida a pessoas com deficiência e alguns dos atletas paraolímpicos da delegação equatoriana possuem esse tipo de carteira de habilitação: “Até certo grau de deficiência, a carteira tipo pode ser concedido F, mas não B. Algo aqui não bate, como eles conseguiram se têm uma deficiência entre 36% e mais de 60%”, explicou o homem, segundo a mídia equatoriana.
Em declarações à referida emissora de televisão, Santiago Chango, chefe técnico do Comitê Paralímpico Equatoriano, explicou que: “Para que os atletas participem oficialmente das Paraolimpíadas, eles devem passar por um processo de classificação médica funcional e quem o faz é internacional. classificadores.”