O advogado José Vicente Harodefensor do líder da oposição venezuelana Edmundo González Urrutiaentregou ao Ministério Público (MP) documento no qual expõe os motivos do não comparecimento de seu cliente à intimação expedida pelo Ministério Público Chavista, insistindo na falta de garantias e na perseguição política enfrentada pelo porta-bandeira de o Plataforma Unitária Democrática (PUD).
Haro, que denunciou repetidas vezes a violação do direito à presunção de inocência e outras garantias constitucionais, afirmou que as considerações políticas serão explicadas pela coligação da oposição.
“Consideramos que os factos não têm natureza criminosa, esse é o debate (…) Fiquei mais de três horas numa reunião, a debater estas questões do ponto de vista jurídico”, afirmou Haro à saída da reunião esta quarta-feira.
Em contrapartida, o Procurador-Geral imposto pela ditadura de Nicolás Maduro, Tarek William Saabafirmou através do Instagram que recebeu uma “comunicação” de Haro, embora não tenha dado detalhes sobre o seu conteúdo nem confirmado se se tratava do documento inicialmente rejeitado pelo Ministério Público.
Saab, conhecido por seu papel no criminalização da dissidência políticagarantiu que Haro e González Urrutia “reconheceram os poderes constitucionais e legais” do deputado, afirmação que a defesa do líder da oposição ainda não confirmou.
O promotor também mencionou González Urrutia, a quem descreveu como “requerido pela Justiça” e “solicitado por lei”.
Estas declarações visam justificar a perseguição contra o líder da oposição, que enfrenta acusações por alegado “usurpação de funções”, “falsificação de documento público”, “incitação à desobediência às leis”, “conspiração”, “sabotagem” e “associação criminosa”.
A defesa, porém, denunciou que estas acusações são infundadas e fazem parte de uma estratégia para deslegitimar González Urrutia e silenciar a oposição.
Anteriormente, Haro denunciou a falta de transparência no processo e a pré-qualificação de crimes sem provas sólidas, destacando que o Ministério Público não esclareceu a natureza com que González Urrutia foi intimado.
Da mesma forma, reiterou a vontade do líder da oposição de participar numa “verificação autônoma” dos resultados eleitorais, num esforço para garantir a verdade nas eleições que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE)deram a vitória a Maduro sem apresentar qualquer prova.
Esta terça-feira, Haro descartou que Edmundo González procure asilo político numa embaixada, apesar do mandado de prisão emitido contra ele pelo regime de Nicolás Maduro. Da mesma forma, garantiu que o líder da oposição está sob vigilância para proteger a sua vida.
O líder antichavista permanece na clandestinidade desde 30 de julho, depois de denunciar fraude eleitoral nas eleições presidenciais de 28 de julho, onde Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Ele proclamou Maduro o vencedor sem mostrar qualquer evidência.
A comunidade internacional condenou a perseguição contra González Urrutia. EUA avalia “uma série de opções” para mostrar a Maduro que “suas ações ilegítimas e repressivas na Venezuela têm consequências”, conforme indicado Matheus Millerporta-voz do Departamento de Estado.
“Este é apenas mais um exemplo dos esforços do senhor Maduro para manter o poder pela força”, declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirbyenquanto Brian Nicholsrepresentante dos EUA para a América Latina e o Caribe, descreveu a ordem de prisão como “injustificada”.
Os governos de Brasil e Colômbia Também manifestaram a sua “profunda preocupação” com a ordem de prisão, considerando que esta medida dificulta os esforços para uma resolução pacífica da crise venezuelana.
Além disso, o União Europeia (UE) e o UN Expressaram a sua rejeição ao mandado de detenção, sublinhando a necessidade de proteger os direitos humanos na Venezuela.
Numa declaração conjunta, países latino-americanos como Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai Também rejeitaram “inequívoca e absolutamente” o mandado de prisão contra González Urrutia.
“A disposição visa silenciar o senhor González, ignorar a vontade popular venezuelana e constitui perseguição política”, indica o comunicado, acrescentando que na Venezuela “não há separação de poderes nem garantias judiciais mínimas e onde abundam as detenções arbitrárias”.
(Com informações da EFE e AFP)