Esta semana o Presidente da República, Gustavo Petro, voltou à sua diatribe de que no país existem vários setores que conspiram para perpetrar um suposto golpe contra ele, depois de o Conselho de Estado ter apoiado que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) possa investigar a campanha política que chegou à Casa de Nariño, onde há indícios de uma suposta violação de limites ao seu financiamento.
O tribunal superior, através do seu consultório, emitiu essa decisão Ao resolver o conflito sobre se a CNE poderia levar a cabo este processo, ou pelo contrário, este deveria ser levado a cabo pela Comissão de Acusações da Câmara dos Representantes, pela jurisdição constitucional do chefe de estado.
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Esta decisão caiu muito mal no presidente que a lançou contra o Conselho de Estado no passado fim de semana e nos últimos dias, salientando mesmo que não teve efeitos jurídicos.
“Não aceito que através de um documento de uma sala de consulta do Conselho de Estado que não tem força vinculativa, o Conselho Eleitoral me tenha despojado da jurisdição constitucional abrangente que me protege. (sic)”, afirmou em sua conta oficial do X no sábado, 7 de setembro.
No mesmo trinado, afirmou que a CNE é uma entidade “administrativa e política” que estava a abrir caminho à sua suspensão devido a uma “investigação de limites” que começou “30 dias depois das eleições”, quando segundo ele não já não tinha jurisdição.
Um dia antes tinha também dito que se tratava de uma decisão sem rigor e insistiu que a sua competência constitucional não fosse tida em conta.
“Eles acreditam que o conselho eleitoral é a entidade que pode julgar o presidente e eles fazem isso com um conceito rápido e não vinculativo de consultório do conselho de estado por lei e que não tem competência para decidir conflito de competência sobre jurisdição presidencial (sic)”, afirmou.
Mas não só isso, numa outra declaração contra o tribunal superior sustentou que este foi cooptado pelo ex-Procurador Geral da Nação Alejandro Ordoñez, que em 2013 o suspendeu como prefeito de Bogotá sob o argumento de uma emergência sanitária na cidade devido às mudanças que fez no esquema de coleta de lixo.
“Naquela época o Conselho de Estado estava do lado progressista e apoiava em tudo a Convenção Americana sobre Direitos Humanos CIDH. Desta vez parece que voltou para as mãos de Ordoñez (sic)”, disse ele em outro trinado.
Paradoxalmente, Até meados deste ano, Petro elogiou-os por diversas decisões que apoiam o seu Governo, A mais recente foi onde aquele tribunal estabeleceu que o atual reitor da Universidade Nacional, Leopoldo Múnera, poderia continuar no cargo, depois de ter negado um pedido de suspensão provisória no âmbito da sua controversa eleição, onde o presidente o apoiou.
“Muito bom para a Universidade Nacional. Parabéns ao Conselho de Estado (sic)”, afirmou em X em 18 de julho.
Um mês antes ele também aplaudiu outra das decisões do mais alto tribunal do Poder Judiciário em matéria administrativa, depois de confirmar que o ex-controlador Carlos Felipe Córdoba não poderia aspirar à Procuradoria-Geral da República uma vez que não tinha a experiência necessária a nível jurídico.
“Parabenizo o Conselho de Estado no seu consultório por não deteriorar as condições para ser magistrado (sic)”, afirmou na ocasião.
Nessa altura, surgiu uma acusação contra o Governo Nacional de alegada espionagem dos juízes dos tribunais superiores, pelo que nessa mesma publicação o presidente ordenou-lhes que negassem um alegado constrangimento.
“Convido o Conselho de Estado a derrotar as “fake news” que falam de perseguição a entidades de inteligência no Judiciário. Vamos estabelecer mecanismos concretos para que o que aconteceu nos governos passados nunca se repita (sic)”, acrescentou.
Para completar, em meados de 2023, no seu primeiro ano de gestão parabenizou os magistrados por anularem as sanções da Procuradoria-Geral da República contra o ex-governador do Vale do Cauca, Juan Carlos Abadía, que foi considerado responsável por participação indevida na política ao receber dinheiro em 2010 no chamado escândalo Agro Ingreso Seguro, por cumprir a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos com a qual conseguiu retornar à Prefeitura de Bogotá.
“Mais uma vez, o Conselho de Estado vê a destituição de um funcionário eleito pelo povo da Procuradoria-Geral da República. Minha presidência respeitará todas as decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos que fazem parte do nosso bloco constitucional e todas as decisões dos tribunais nacionais (sic)”, vibrava em agosto do ano passado.
Com o mesmo argumento comemorou mais uma de suas decisões, onde também declarou a nulidade das sanções da Procuradoria-Geral da República contra o ex-senador Eduardo Merlano, famoso por recusar o teste do bafômetro em 2012 em um caso de “Você não sabe quem eu sou?”, recriminando o policial que o questionou em uma rodovia de Barranquilla por seu privilégio como deputado.
“Parabenizo o Conselho de Estado por ter resgatado o controle de convencionalidade na Colômbia. A Procuradoria-Geral deve aceitar o pleno cumprimento da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que faz parte da nossa Constituição. Nenhuma autoridade administrativa deve eliminar os direitos de qualquer cidadão em hipótese alguma, tais determinações cabem apenas ao juiz criminal por meio de sentença (sic)”, reagiu à reportagem daquela notícia.
Ironicamente, na semana passada o Tribunal Constitucional, no que seria um novo desastre entre as mais altas autoridades judiciais, anulou as decisões contra os dois antigos funcionários públicos.
Em relação a todas as acusações do Petro contra o tribunal superior, levaram o seu presidente, o juiz Milton Chaves, a expressar a sua confusão sobre a decisão que tomaram e que apoiou a investigação da CNE sobre a campanha do Petro Presidente.
“Muito inesperado que o Presidente da República se refira nestes termos às decisões tomadas pela Justiça em geral”, afirmou em entrevista em Notícias Caracol.
Nesse mesmo diálogo, o magistrado reiterou que a competência do presidente estava sendo respeitada e num possível processo de perda de investidura quem cuidaria seria a Comissão de Acusações.
“A jurisdição presidencial é respeitada. Tanto é que a decisão afirma claramente, o que também diz a norma, que Caso chegue ao ponto de exigir a perda do cargo, a responsabilidade é do Congresso da República. tome essa decisão”, ele insistiu.
Enquanto está nas notícias Rede + Notíciasindicou que a decisão do Conselho de Estado produziu efeitos, ao contrário do que sustenta o chefe de Estado.
“É vinculativo para estas duas entidades (…) já sabem – porque foi essa a decisão que foi tomada – que a CNE é competente para fazer o inquérito administrativo”eles deduziram de suas declarações.